domingo, 7 de setembro de 2008

Descobrindo Mário Alves

Marcelo Mário de Melo

Purgar os erros.
Lembrar os mortos
Fecundar os sonhos.
Festejar as vitórias.
Se não fizermos isto
pela nossa causa
quem o fará?

(MMM)

Há trinta anos atrás o esquema repressivo da ditadura militar matou sob tortura o militante político Mário Alves Vieira, baiano de nascimento, jornalista, intelectual, fundador do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário - PCBR e integrante do seu comitê central. Na ocasião, Mário tinha 47 anos de idade. Se estivesse vivo, comporia com Apolônio de Carvalho e Jacob Gorender a tríade dos comunistas históricos e ex-integrantes do comitê central do PCB, que esgotando uma luta interna anterior a 1964, partiram para viver uma nova experiência partidária.

Mário Alves resistiu às torturas, enfrentou e afrontou os seus carrascos, “sacrificando o bem-estar da carne, a vida, para manter cerrados dentes, compromissos”. Depoimentos de testemunhas oculares e auditivas revelam rasgos de elevada altivez da parte de um homem conhecido como fisicamente frágil, que carregava uma úlcera e, naquela ocasião, já tinha o corpo macerado e as palavras ecoando manchadas de sangue. Isto revela a sua estirpe o situa numa pequena parcela de presos políticos brasileiros de todas as épocas, “queimados na face com uma luminosa cicatriz de silêncio”. Mas é insuficiente para caracterizar a sua personalidade, que não pode ser apreendida por aspectos isolados, nem através de equação, média ou denominador comum.

Compor o perfil de Mário Alves de corpo inteiro constitui um desafio a ser enfrentado. E é na perspectiva de juntar pedras e seguir pistas que alinho antigas impressões, recolhidas em textos seus e nos contatos tidos com ele em 68 e 69, que embora breves, foram intensos e inesquecíveis. Antes, quero ressaltar a importância da matéria escrita por Otto Filgueiras, publicada no número 20 do Brasil Revolucionário, ano de 1996, que trás revelações sobre a atividade intelectual de Mário Alves, aspectos da sua vida familiar e dos seus jeitos de ser como simples mortal.

Primeiros rumores - Militando no PCB do Recife desde 1961, a partir da base do Colégio Pernambucano, eu sabia da existência de Mário Alves como diretor do jornal oficial do partido, o Novos Rumos. De vez em quando, lia algum dos seus artigos. Seu nome esteve muito presente nas rodas militantes, a partir de um trabalho publicado numa revista, em parceria com Paul Singer, criticando o Plano Trienal de Desenvolvimento de Celso Furtado, então Ministro da Economia de um dos gabinetes do governo João Goulart, no período de regime parlamentarista implantado sob pressão militar, depois da renúncia de Jânio Quadros, ocorrida em agosto de 1961. Em certa altura ele passou a ser citado como integrante do chamado “grupo baiano” do comitê central do PCB, que tinha posições mais à esquerda e era composto, também, por Jacob Gorender e Carlos Marighella. Naquela época, talvez por alguma associação com o cantor Francisco Alves, que povoou as manchetes e o cinema nacional até meados da década de 50, eu sempre imaginava Mário Alves um tipo alto, forte, moreno e vivaz, de paletó e gravata.

Debates e ditatura - Um mês antes do golpe militar de 64, o comitê central do PCB publicou no Jornal Novos Rumos as Teses para Discussão do seu VI Congresso. Na tradição dos PCs, começaram os debates e a eleição de delegados, a partir das assembléias de base, preparando as conferências setoriais, que partiriam para as municipais, as estaduais e, finalmente, o congresso nacional. A polarização era forte em torno de alguns aspectos. Uma ala dizia que havia a possibilidade de um caminho pacífico para a revolução brasileira, que deveria ser esgotado. Mantinha a crença na chamada burguesia nacional como integrante da frente nacionalista e democrática e, embora com um caráter dúplice e vacilante, possuindo um potencial revolucionário. A outra ala afirmava que a tentativa de golpe militar era inevitável e deveríamos estar preparados para enfrentá-lo, que o papel dúplice e vacilante dos setores burgueses progressistas era orgânico e insuperável, e que o eixo da frente deveria ser constituído por operários, camponeses e camadas médias. Mário Alves desenvolvia estas posições.

O golpe interrompeu o congresso e acirrou a luta interna no PCB. A primeira grande polarização se deu em torno de qual tinha sido o erro fundamental: se os desvios de direita, caracterizados na não preparação para a resistência pelas armas, na dependência ao esquema militar de João Goulart, ou se os desvios de esquerda, expressos na “pressa pequeno-burguesa” de querer acelerar o processo político artificialmente e, com isso, permitir a ofensiva da direita e a ampliação das suas bases de apoio. Dois a três anos depois é retomado o VI Congresso do PCB e se abre de novo a Tribuna de Debates, agora nas páginas do jornal A Voz da Unidade, órgão oficial do comitê central. Mário Alves teve uma presença marcante nos debates, através de artigos assinados com o pseudônimo de Martim Silva. As tendências alinhadas mais à esquerda se organizaram na chamada Corrente Revolucionária do PCB, ou simplesmente Corrente, que era uma grande articulação anti-comitê central e alimentou diversas organizações de esquerda. Nasceu oficialmente, o PCBR, em abril de 1968, tendo na direção Mário Alves, Apolônio de Carvalho, Jacob Gorender, Bruno Maranhão e outros companheiros. Marigella, ex-secretário político do comitê estadual do PCB em São Paulo, partiu para fundar a ALN. Dirigentes estudantis da Dissidência do Rio formaram um grupo autônomo, que depois se integrou à POLOP e resultou no POC. Dirigentes do Rio, entre eles Jover Telles, membro do Comitê Central, um certo tempo depois de fundado o PCBR, lançaram um manifesto intitulado Um Reencontro Histórico, e se integraram ao PC do B.

Me impressionou a qualidade do texto de Mário Alves: conciso, denso, objetivo, desprovido de gorduras e retóricas. Jornalista e com tarimba de tradutor de livros em inglês, francês e russo, Mário Alves agregou uma qualidade literária aos documentos políticos que escreveu, merecendo destaque a Resolução da Conferência Estadual de Minas, preparatória do VI Congresso do PCB, os artigos na Tribuna de Debates, a Linha Política do PCBR, o documento Raízes Ideológicas dos Nossos Erros e o texto em que polemizou com os dirigentes do Rio que optaram pelo PC do B, intitulado: “Reencontro Histórico, ou Simples Mistificação?” Agora, um esclarecimento. O texto escrito por Mário Alves sobre o comportamento do revolucionário na prisão e no tribunal, não é, originalmente, seu. Trata-se de uma síntese de material constante do livro do advogado, escritor e comunista francês, Marcel Willard, intitulado “A Defesa Acusa”. Marighella cita esse autor, num folheto divulgado no PCB, em que também trata de interrogatórios e torturas. Não me lembro se a primeira distribuição da síntese de Mário informava sobre a fonte do seu trabalho. Com o tempo, predominou a versão de que as normas sobre o comportamento do revolucionário na prisão e no tribunal seriam da sua autoria. Mas se não teve o mérito de concebê-las, coube a Mário Alves, que as sintetizou e difundiu, a suprema dignidade de cumpri-las integralmente, até o último suspiro.

Contato ao vivo - Meu primeiro contato com Mário Alves se deu numa viagem de emergência que fiz ao Rio, para tratar junto ao Comitê Central, como representante do Comitê Regional do Nordeste, do rateio do apurado de um assalto a banco feito pelo nosso Comando Militar. Fui levado de olhos fechados a uma reunião do Comitê Central e lá conheci Apolônio de Carvalho e Mário Alves, com quem tive depois um encontro. Sentamos num bar, conversamos e continuamos andando, até o momento em que ele pegou o seu rumo. Eu achava que as informações que chegavam ao comitê central sobre as forças do partido e as possibilidades da ação armada no Nordeste, principalmente no campo, eram inflacionadas. Comecei a levantar algumas ponderações quanto à necessidade de uma maior preparação. Falei das dificuldades de recrutamento em função do refluxo do momento de massas, da nossa inserção, basicamente, nos segmentos pequeno-burgueses, das deficiências estruturais do partido e da precariedade do nosso trabalho de campo, com uma estrutura de militância de características mais típicas de um trabalho de massas do que de uma ação de partido, com as exigências propostas. Ele não levou muito em conta as restrições, não entrou em detalhes, nem alimentou o papo, afirmando que as dificuldades eram superáveis e não se constituíam em impedimento maior. Senti uma pressa em aprofundar o processo armado a todo custo e desconfiei de um certo espírito de concorrência pesando sobre o comitê central do PCBR, em face das ações armadas desencadeadas pelos chamados agrupamentos militares. Nesse encontro, caiu por terra a imagem física que eu fazia de Mário Alves. Estava diante de um homem alvo, magro, ombros estreitos, meio franzino e um pouco encurvado. O rosto jovem, expressivo, atento e com linhas bem desenhadas. Mário Alves tinha cabelos pretos e lisos, penteados pra trás, e usava uns óculos escuros modernosos, que lhe caíam muito bem.

Reuniões no Recife - Mário Alves chegou no Recife no primeiro trimestre de 69, para reunir com o Comitê Regional do Nordeste. No primeiro dia, reunião nos dois expedientes, entrando pela noite. E aí começou a se desenhar o estilo do homem. Uma meia folha de papel-ofício, dividida ao meio, de cima a baixo, pela marca de uma dobra, foi o terreno onde ele esquematizou sua intervenção. Do lado esquerdo, no alto, um pequeno esquema do que iria dizer. Abaixo disso, foi lançando as sínteses telegráficas das falas dos circunstantes. Em paralelo, na metade direita, as suas observações sobre elas. Ele abriu a reunião, ouviu os reunintes e, no fim, fez considerações detalhadas, com base naquele pequeno papel. Até hoje, em reuniões e debates, me valho do esquema de Mário Alves. Mas além do macete técnico, as marcas substanciais. Havia uma tendência entre assistentes e dirigentes de instâncias superiores, em inflacionar muito a realidade, dando informes exagerados e excessivamente otimistas sobre as forças do partido em termos nacionais, ou simplesmente obscurecendo os aspectos de limitação e dificuldade. Mário Alves foi uma verdadeira ducha de água fria nessa deformação. Secou balões ilusionistas e deixou desenhada a verdadeira realidade orgânica do PCBR em todos os estados, muito mais limitada do que se imaginava.

Quando da sua vinda, eu atravessava um certo isolamento no Comitê Regional do PCBR. Considerado “à direita”, por manter uma resistência contra o que considerava militarismo, tive cortadas as assistências aos comitês zonais mais importantes e me concentrei na montagem da imprensa partidária. Quando Mário Alves chegou, estava pronto o primeiro exemplar do “Luta de Classe”, jornal do Comitê Regional, que trazia como centro a análise do Ato Institucional número 5, editado em 13 de dezembro de 1968. Eram considerados os aspectos políticos e se fazia uma abordagem da conjuntura econômica. Nessa segunda parte houve a colaboração do companheiro Frederico Oliveira (Fred), militante do PCBR, advogado e técnico em desenvolvimento econômico da Sudene, que atraiu a participação dos economistas Alcino Rufino e Abelardo Baltar, que integrava o núcleo de profissionais liberais do PCBR com o pseudônimo de Abreu. O miolo do jornal já estava aprovado e faltava o editorial, que Mário Alves leu em silêncio e, em seguida, olhou para mim, levantando o polegar. Lembro-me de que o texto começava assim: “A crise que antecedeu a edição do Ato institucional número 5 foi essencialmente política.”. No fim da reunião, Mário Alves declarou que as divergências existentes no interior da direção eram normais e não deveriam levar a desconfianças e restrições entre os companheiros, todos empenhados em levar as tarefas revolucionárias à frente. Depois disso, desfez-se o cerco às minhas atividades e melhorou o clima no trabalho de direção.

História & humor - No segundo dia, a reunião durou somente o expediente da manhã e partimos para um almoço descontraído, que se esticou numa gostosa roda de bate papo em torno da mesa, até o anoitecer, quando Mário Alves pegou a estrada de volta ao Rio. Foram muitas histórias, com esclarecimentos, folclore político e piadas, onde apareceu o seu lado irreverente e satírico. Ele falou em detalhe sobre as entrelinhas do PCB em vários momentos: o período de transição da ditadura para a anistia de 46, as reações ao informe secreto de Nikita Kruschev, em 1953, denunciando os crimes de Stalim, as polarizações no interior do Comitê Central no período posterior ao golpe. Aspectos caricaturais e pitorescos vivenciados na sua juventude, envolvendo a figura de Otávio Brandão, fundador do PCB, provocaram ataques de riso. Mário fez algumas gozações com Jason, o agitado companheiro do Comitê Central, que dava assistência ao Nordeste: “O Jason é uma demonstração viva da dialética entre a causa e o efeito: quando ele está tenso, aperta em baixo; quando aperta em baixo, fica mais tenso em cima”. Dizia isto fazendo demonstrações dos dois apertos, com movimentos de abre-e-fecha das duas mãos levantadas. Foi essa abertura humorística de Mário Alves - soube por Jason - que me salvou, depois, de uma medida disciplinar do Comitê Central do PCBR.

Nos primeiros contatos em Pernambuco, Jason escreveu um documento de 10 laudas, datilografado em espaço-um, sobre as potencialidades da luta armada na área rural do Nordeste, e lhe deu o título de “Anotações para um Esboço de Esquema”. Apolônio de Carvalho, em alguns documentos, quando se referia ao PCBR, colocava este acréscimo: “partido motor e guia”, e costumava fazer longas citações da Resolução Política aprovada no Congresso. O grupo de trabalho indicado pelo comitê central para concluir um estudo sobre o movimento estudantil, não apresentava o resultado. Mário Alves, ao fim de uma rodada de reuniões do Comitê Central, foi encarregado de escrever três documentos, sendo um deles, o “Raízes Ideológicas dos Nossos Erros”. Tudo isso eram motes para a minha produção satírica. Um dia, escrevi para Jason uma carta intitulada “Prefácio para um Prólogo de Bosquejo”, começando assim : “O PCBR, partido motor e guia, caixa de marcha, arranque, acelerador...” A torto e a direito, meti citações da Resolução Política.E ainda encaminhei em anexo um livreto datilografado, em forma de brochura, com uma série de poemas satíricos inspirado nas coisas do PCBR. Hoje esses textos, com ligeiras adaptações, compõem a série dos Poemas Antiburocráticos. Na época eram, simplesmente, os “burocras”, organizados assim: Burocra 1, Burocra 2, Burocra 3, etc. Jason me disse que, no intervalo de uma das reuniões do comitê central, expôs a carta e os textos, provocando a indignação de um dirigente, que falou em anarquismo intelectual e sugeriu uma medida disciplinar. Mário Alves veio em minha defesa, tirando por menos e argumentando que a sátira também era uma forma válida de luta interna no partido. São palavras de Jason: “o Mário quase se mija de tanto rir, lendo o teu material”. Esclareço que Jason era o nome de guerra do jornalista carioca Nicolau Tolentino de Abrantes.

A falta que faz - Mário Alves era um dirigente comunista que procurava manter as antenas ligadas ao que rolava culturalmente na sociedade. Traduzia em vários idiomas, possuía estofo intelectual, um grande poder de síntese, um texto denso e muito bem acabado. Sendo um dirigente político e um redator partidário, sua produção intelectual, que ainda não está reunida, foi muito marcada pelas urgências, sobrecargas, tensões e dificuldades da militância clandestina. Se tivesse sobrevivido, Mário Alves teria podido desenvolver, nas condições pós-anistia, uma atividade intelectual de maior fôlego, exercitando a análise política da experiência vivida e dos desafios atuais. Esta é uma incalculável lacuna que a sua morte nos deixou.

Poemas antiburocráticos - Os Poemas Antiburocráticos (Burocras), na sua maioria, foram escritos entre os anos de 1968 e 1969 e constituem uma crítica ao burocratismo, compreendido sob dois aspectos: a apreensão da realidade sob o filtro das quatro paredes dos pequenos círculos e a intervenção a partir das formas e das normas ossificadas. Nas formulações e no cotidiano do PCBR e da esquerda armada, mesmo emascarado nas capas do ativismo e das ações ousadas, fui descobrindo a essência e as nuances do burocratismo, a que dei um tratamento satírico, com o natural exagero das caricaturizações. A seguir, o desfile de alguns Burocras, tal e qual foram escritos e divulgados na época, em rodas de militantes. Todos os meus textos, em poesia e em prosa, foram apreendidos quando da prisão (e do assassinato sob tortura) de Odijas Carvalho, no aparelho da praia de Maria Farinha, no Recife, onde eu estava morando e de cuja queda escapei, por me encontrar numa reunião noutro estado. O grosso da parte de poesia foi reconstituído nos meus primeiros meses na Casa de Detenção do Recife, em 1971.

BUROCRA 1

O verde burocrata
ou o burocrata maduro
no seu casulo
respira o mundo
em ondas redondinhas.

O verde burocrata
ou o burocrata maduro
no seu casulo
refaz o mundo
arredondando-lhe o corte
com a sua implacável
grave e disciplinada
tesoura de decretos burocráticos.

Sucedem-se as resoluções insossas
num mar de consequências buroanêmicas.
Ou os decretos irreais pomposos
gerados em euforias de birô.

A vida irregular e borbulhante
então se organiza em prateleiras
cumprindo a cachoeira de decretos.

É quando o burocrata já cansado
de tanto recortar a vida e o vivo
encerra o expediente da tesoura
e vai dormir
ou arquivar seus sonhos.

No exato momento
em que a ditadura publica
mais um ato institucional.

BUROCRA 2

A vida é simples para o burocrata.
No seu birô
com a sua caneta
o seu papel
quorum
o verbo
e a hierarquia
ele constrói e reconstrói o mundo
como edição pilulificada de Deus
nos sete dias
da sua majestática criação.

Algum problema?
- Resolução.
Deficiência?
- Um curso, irmão.
Com morto e vivo
façam um ativo.
Para o incremento
mais um documento.
Para organizar
uma circular.

Ponto diário.
Mais reunião.
Mais um secretário.
Mais discussão.

Abaixo o foquismo
e o partidão!

BUROCRA 3

E o principal motivo
para nós sermos ateus, companheiros,
é que Deus foi um burocrata:
fez tudo por decreto
hemorroidalmente
sentado.

Por isso mesmo a sua criação
pressupôs o cão
e o seu cabedal:
o pecado
a cobra
e o Jardim do Mal.

BUROCRA 4

Raízes Ideológicas:
primeiro documento.

Caules ideológicos:
segundo documento.

Folhas ideológicas:
terceiro documento.

Flores ideológicas:
quarto documento.

Frutos ideológicos:
os foquistas tomam o poder.

Ah! Que prazer!
Mais um documento
para escrever!

BUROCRA 5

O grupo de trabalho
não está trabalhando
porque está elaborando
um plano
de trabalho.








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