Marcelo Mário de Melo
“o rigor, primeira condição de toda crítica”
(Frederico Engels)
Ninguém é obrigado a gostar deste ou daquele produto cultural, seja pintura, escultura, filme, peça teatral ou livro. E todos possuem o igual direito de expressar o seu gosto, entrando em detalhes ou, simplesmente, afirmando a satisfação ou a rejeição.
Mas há uma categoria de cidadãos a quem é exigido, quando se manifesta, deixar explícito em que se fundamenta a sua opinião para qualificar, por exemplo, um livro, como ruim ou bom, significativo ou dispensável. Ela é constituída por críticos de cultura, críticos literários, jornalistas e todos os que recebem o encargo de escrever uma resenha ou um comentário num veículo de comunicação social.
A estes, fundamentar as opiniões é uma exigência elementar, de caráter técnico e ético. Mas parece que não é este o receituário da revista Veja, pelo menos se considerarmos o comentário irresponsável realizado por um redator anônimo na seção de resenha na edição de 03/04/00, tendo como objeto o livro “Maquiavel - O Poder”, de autoria do publicitário pernambucano José Nivaldo Júnior, publicado em segunda edição pela Editora Martin Claret e que tem figurado nas listas dos mais vendidos de revistas e jornais de âmbito nacional como Veja, Isto É, Exame e Jornal do Brasil.
Num determinado momento, o redator oculto revela discordar da afirmativa de José Nivaldo de que O Príncipe de Maquiavel é “um manual do que hoje denominamos marketing político.” Imaginamos que, a partir desse núcleo, viesse a ser estruturada uma crítica, ou ao menos levantados alguns argumentos enriquecedores no plano teórico. Mas isso não ocorre.
Revelando total descompromisso com a função social da crítica e incorrendo no terreno do simples “verbalismo raciocinante”, o autor passa a taxar o livro de “um frankestein... um livro desconjuntado, que não diz ao que veio nem para onde vai”. E continua o ensaio de vulgaridade, com o assassinato da língua portuguesa – desta vez em alto nível - numa frase que exige o exercício da decifração: “Se o publicitário pretende apenas repetir os conselhos que ele dá aos governantes, para que lê-lo?”.
O que o redator oculto quis dizer foi o seguinte:” Se José Nivaldo pretende apenas repetir os conselhos que Maquiavel dá aos governantes, para que se ler José Nivaldo?. Decifração concluída, é de se lastimar que o domínio da língua não seja também um componente essencial exigido dos que fazem resenhas de livro em publicações de âmbito nacional.
Na conclusão do texto, o redator oculto revela a face da canalhice, quando escreve o seguinte: “Afinal, se existe um consenso a respeito de Maquiavel , é que ele era um ótimo escritor. Ao contrário desse autor fajuto chamado ... Nivaldo, Geraldo? Como é fácil esquecer o nome desse sujeito.” Ora, quem escreve tão tropegamente, derrapando nos pronomes e colocando vírgula entre sujeito e predicado, não pode se dar ao desplante de avaliar a qualidade literária do texto de ninguém.
E desde quando o nome de um autor passa a ser parte integrante da crítica da sua obra?. Fica a especulação sobre se essa crítica ao livro de José Nivaldo Junior expressa a presença ou a articulação de algum desafeto ou concorrente ressentido, ou se constitui mais um exemplo fascistóide do preconceito contra nordestino.
Precisamos de uma crítica de cultura rigorosa e frontal, que se exerça acima e além de simpatias e antipatias pessoais, e não dessa modalidade de crítica de sarjeta, que despeja dejetos através de um sujeito oculto.
“o rigor, primeira condição de toda crítica”
(Frederico Engels)
Ninguém é obrigado a gostar deste ou daquele produto cultural, seja pintura, escultura, filme, peça teatral ou livro. E todos possuem o igual direito de expressar o seu gosto, entrando em detalhes ou, simplesmente, afirmando a satisfação ou a rejeição.
Mas há uma categoria de cidadãos a quem é exigido, quando se manifesta, deixar explícito em que se fundamenta a sua opinião para qualificar, por exemplo, um livro, como ruim ou bom, significativo ou dispensável. Ela é constituída por críticos de cultura, críticos literários, jornalistas e todos os que recebem o encargo de escrever uma resenha ou um comentário num veículo de comunicação social.
A estes, fundamentar as opiniões é uma exigência elementar, de caráter técnico e ético. Mas parece que não é este o receituário da revista Veja, pelo menos se considerarmos o comentário irresponsável realizado por um redator anônimo na seção de resenha na edição de 03/04/00, tendo como objeto o livro “Maquiavel - O Poder”, de autoria do publicitário pernambucano José Nivaldo Júnior, publicado em segunda edição pela Editora Martin Claret e que tem figurado nas listas dos mais vendidos de revistas e jornais de âmbito nacional como Veja, Isto É, Exame e Jornal do Brasil.
Num determinado momento, o redator oculto revela discordar da afirmativa de José Nivaldo de que O Príncipe de Maquiavel é “um manual do que hoje denominamos marketing político.” Imaginamos que, a partir desse núcleo, viesse a ser estruturada uma crítica, ou ao menos levantados alguns argumentos enriquecedores no plano teórico. Mas isso não ocorre.
Revelando total descompromisso com a função social da crítica e incorrendo no terreno do simples “verbalismo raciocinante”, o autor passa a taxar o livro de “um frankestein... um livro desconjuntado, que não diz ao que veio nem para onde vai”. E continua o ensaio de vulgaridade, com o assassinato da língua portuguesa – desta vez em alto nível - numa frase que exige o exercício da decifração: “Se o publicitário pretende apenas repetir os conselhos que ele dá aos governantes, para que lê-lo?”.
O que o redator oculto quis dizer foi o seguinte:” Se José Nivaldo pretende apenas repetir os conselhos que Maquiavel dá aos governantes, para que se ler José Nivaldo?. Decifração concluída, é de se lastimar que o domínio da língua não seja também um componente essencial exigido dos que fazem resenhas de livro em publicações de âmbito nacional.
Na conclusão do texto, o redator oculto revela a face da canalhice, quando escreve o seguinte: “Afinal, se existe um consenso a respeito de Maquiavel , é que ele era um ótimo escritor. Ao contrário desse autor fajuto chamado ... Nivaldo, Geraldo? Como é fácil esquecer o nome desse sujeito.” Ora, quem escreve tão tropegamente, derrapando nos pronomes e colocando vírgula entre sujeito e predicado, não pode se dar ao desplante de avaliar a qualidade literária do texto de ninguém.
E desde quando o nome de um autor passa a ser parte integrante da crítica da sua obra?. Fica a especulação sobre se essa crítica ao livro de José Nivaldo Junior expressa a presença ou a articulação de algum desafeto ou concorrente ressentido, ou se constitui mais um exemplo fascistóide do preconceito contra nordestino.
Precisamos de uma crítica de cultura rigorosa e frontal, que se exerça acima e além de simpatias e antipatias pessoais, e não dessa modalidade de crítica de sarjeta, que despeja dejetos através de um sujeito oculto.
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